top of page

HUMANIDADE E CELERIDADE


No mês de agosto passado, fomos procurados por uma mulher grávida que carregava no ventre um feto sem qualquer chance de vida extrauterina – era portador de triploidia do 69 xxx, que ocorre quando um único ovócito é fecundado por dois espermatozoides, gerando imensas alterações cromossômicas que dificultam processos essenciais à vida.

A triploidia está presente em cerca de 1% das gestações - no entanto, é absolutamente excepcional o seu achado em recém-nascidos (que invariavelmente não sobrevivem). A imensa maioria dos casos termina em aborto espontâneo até a 12ª semana (3º mês). Estima-se que cerca de 15% dos abortamentos espontâneos com anomalias cromossômicas sejam provenientes desta patologia.

Entretanto, a mulher estava na 15ª semana de gestação e o aborto espontâneo não havia ocorrido. A continuidade da gravidez implicaria em sério risco de comprometimento do aparelho reprodutivo materno, levando à impossibilidade de gestar novamente – além de implicar em realização de cirurgia invasiva para retirada do feto, colocando a mãe em risco.

Como se não bastasse, havia um complicado quadro psicológico inerente à situação - afinal, a mulher via seu estado gravídico tornar-se cada vez mais evidente, mesmo sabendo que estava carregando feto que não sobreviveria. Recebia felicitações pela gravidez, cumprimentos e perguntas acerca daquele ser que nunca chegaria a viver.

Diante disso, prontamente, no mesmo dia, fomos buscar o amparo do Poder Judiciário, requerendo autorização para interrupção da gravidez.

Graças ao célere, compreensivo e humano trabalho do Ministério Público, do Juiz de Direito e de suas respectivas assessorias, obtivemos êxito no dia imediatamente seguinte ao protocolo do pedido – data na qual o necessário aborto foi realizado.

É gratificante poder ajudar àqueles em situação de desespero e necessidade – e tão gratificante quanto é perceber que, mesmo no atual estado de nosso país, ainda encontramos em nosso caminho pessoas possuidoras de bom senso, sensibilidade e compaixão como os que atuaram neste caso.

Há esperança.

POST DESTAQUE
POSTS RECENTES
ARQUIVO
TAGS
SIGA-NOS
  • Facebook Basic Square
  • LinkedIn Social Icon
bottom of page